Psicopatia tem cura?


A psicopatia foi um dos primeiros transtornos de personalidade reconhecidos pela psiquiatria. Philipe Pinel, médico francês considerado por muitos como o pai da psiquiatria, identificou o transtorno ainda no século XIX.

Atualmente, de acordo com o CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à saúde), a psicopatia é conhecida como Transtorno da Personalidade Dissocial (Anti-social) F60.2, e é caracterizado pela indiferença aos sentimentos dos outros, irresponsabilidade e desrespeito por normas sociais, baixa tolerância à frustração e baixo limiar para descarga de agressão, incapacidade de sentir culpa e aprender com a punição, e propensão marcante para culpar os outros ou para dar desculpas plausíveis que justifiquem o motivo que o levou a entrar em conflito com a sociedade.

O psicopata é plenamente capaz de identificar padrões de comportamentos sociais no cotidiano e reproduzi-los com maestria quando lhe convém, sem, no entanto, compreender o significado dos valores que finge possuir. Há uma falha na integração da emoção com o sentido das palavras.

Quando buscamos compreender o fenômeno da psicopatia a partir da psicanálise, podemos considerar o desenvolvimento desse tipo de personalidade a partir de uma estrutura psíquica denominada por Freud como perversa. A personalidade perversa se desenvolve e se estrutura no sujeito a partir da maneira como este experiencia a internalização das regras durante o seu desenvolvimento e o medo de ser punido pelos teus atos.

Um olhar desatento poderia caracterizar a psicopatia como inserida no campo da psicose (desconexão com a realidade). De fato, há certa semelhança na maneira como o psicótico e o perverso enfrentam o medo, mas isso é tema para um outro post, vamos focar no que enquadra o psicopata na estrutura da perversão que é a persistência da recusa ao simbolismo da punição. Logo, no perverso, predomina o ato sobre o pensamento. Ele faz, antes que haja a possibilidade de uma elaboração do ato.

O psicopata antes de qualquer coisa é um ser livre. Livre de censura, culpa e ética. A única coisa que lhe move é sua própria vontade. Não há limites para o que quer. Nesse ponto fica mais claro porque não são todos os psicopatas que matam, pois nem todos têm o desejo de tirar a vida de outra pessoa, embora eles simplesmente não se importem em fazê-lo, caso acreditem ser necessário. E vale ressaltar que o psicopata não reconhece que é um psicopata, pois afinal, para ele, seus atos não contrariam as regras.

Vale ressaltar que o sistema prisional atual não está preparado para conviver com pessoas com este tipo de funcionamento psíquico, uma vez que estas pessoas costumam manipular o ambiente no qual encontram-se, trazendo muita turbulência ao convívio da população carcerária.

Desta forma, há cura para a psicopatia? Não, não há cura. Porém, atualmente existe tratamento mais humanizado. Psicopatas com lesões cerebrais ou algum problema genético, normalmente, são encaminhados a prisões de segurança máxima e passam a cumprir pena em celas individuais, isolados. Os casos menos intensos são encaminhados a hospitais psiquiátricos onde iniciam o seu tratamento através de terapias especializadas e o uso de medicamentos que ajudam a garantir sua reabilitação.

⚠️ Importante: Não fique buscando por diagnósticos no google. Diagnóstico correto só é dado por profissionais formados e qualificados. Em caso de dúvidas, procure por um profissional.

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